sábado, 19 de março de 2016

O Brasil somos nós.

 Pessoal. Eu gostaria de aproveitar esse momento de comoção nacional, beirando a convulsão social, para dizer algumas coisas e, quem sabe, inspirar algumas pessoas.
Hoje eu estava lendo uma matéria na Gazeta do Povo sobre "República de Curitiba". Claro que, como bairrista que sou, assim como muitos curitibanos que conheço, fiquei feliz com essa notoriedade. Mas sejamos francos, isso não tem a ver com Curitiba, tem a ver com pessoas que compartilham a visão de um Brasil melhor e estão nos lugares certos para fazer isso acontecer, ou pelo menos dar o primeiro passo.
Na verdade eu quero falar sobre essa visão que mencionei antes. Lendo essa matéria, assim como outras a respeito da operação lava jato, dispararam em mim um sentimento que já estava a muito tempo esquecido. Eu senti que começaria a "suar pelos olhos" (bricadeiras à parte) ao perceber que ainda sinto orgulho de ser brasileiro. Quem me conhece sabe que eu não sou dado a futebol e quando tem copa eu torço contra o Brasil, pois sempre tive a esperança de que esse país iria acordar e perceber que uma vitória da Seleção Brasileira não põe pão na mesa. Agora vai ter muita gente que vai me xingar por causa do resultado com a Alemanha, mas acho que foi um mal necessário. 
Uma das últimas vezes que eu me senti assim, orgulhoso em ser brasileiro foi numa das vitórias do Senna. Claro que vieram outros momentos depois, mas as corridas de Ayrton Senna marcaram minha infância porque eu o considerava não só um ótimo piloto, mas um grande ser humano. Talvez eu esteja falando bobagem pois não o conheci de perto, mas tenho certeza de que ele inspirou muita gente.
Falando em infância, outro dia comentei com a Elaine, minha esposa, de que quando eu tinha uns 10 anos eu sonhava em ser Presidente da República. Então eu divagava e pensava no que eu faria para melhorar o país e dizia para mim mesmo que eu recusaria o salário porque eu queria dar exemplo para as pessoas, mostrar que eu só queria melhorar o país, e não ficar rico. É claro, eu fui crescendo e percebi o tamanho da minha ingenuidade, pois comecei a ver que para ser presidente eram necessárias varias características que eu não tenho, uma delas é ser político, saber lidar com pessoas. Eu sempre tive esse jeitão meio antissocial, caladão, de poucos amigos. Eu me conhecendo, não votaria em mim para presidente, ainda que sinta que tenha uma moral fruto da boa criação que meus pais me deram. Não votaria em mim porque tenho consciência de que não possuo todas as competências e conhecimentos que o país merece e precisa para crescer. Tudo que tenho é a vontade. 
Tendo isso em mente, achei necessário escrever esse texto, pois o que eu tenho lido e ouvido por ai me fazem crer que é necessária alguma atitude e, em vez de esperar, resolvi agir. Muita gente, além da mídia como um todo, tem martelado sobre a questão da corrupção, que a mesma deve ser combatida e que todos os culpados devem ser presos. Isso não está errado, de maneira alguma. A questão é que isso não é suficiente, pois temos que combater a corrupção discreta, aquela que não é flagrada, aquela que está escondida em nós. Acredito que bastante gente tem noção de que a questão de corrupção não é apenas um problema de quem está no poder, mas sim de cada um de nós brasileiros. Temos essa cultura vergonhosa do "jeitinho brasileiro", que nos faz seguir as leis  de maneira mais maleável, conforme a conveniência. Não quero passar aqui a ideia de que sou santo, pois já fiz coisas das quais me envergonho e penso "essa bobagem não vou fazer mais". Outras coisas, no entanto, acabam fazendo parte do cotidiano e a gente nem percebe que erra. Quando eu era adolescente eu ganhei um videogame destravado e eu comprava jogos piratas para usar nele. Eu tinha uma vaga noção de que aquilo não estava certo, mas pensava: "Nós, brasileiros, somos roubados o tempo todo, seja com impostos absurdos, seja com corrupção. Esse jogo pirata não vai fazer diferença para os fabricantes". Ledo engano. Com o tempo eu percebi que isso também é corrupção.  Não podemos nos permitir errar porque o outro erra. Devemos policiar a nós mesmos antes de policiar os demais. 
Não escrevi este texto para ganhar "likes" e compartilhamentos, pois não sou blogueiro e não ganho nada com isso. O que eu almejava com isso era convidar as pessoas de bem a refletir e procurar, dentro de si, uma criança de 10 anos que sonha em fazer a diferença na construção de um Brasil melhor. Enquanto tem gente que fala que devemos rebater a corrupção com nosso voto nas urnas, eu penso que isso não basta. Penso que precisamos que as pessoas de bem, aquelas que não pensam só no salário e no poder que um cargo público propicia, se candidatem a cargos públicos, nem que seja como vereador. Acredito que todos estamos cansados de ver sempre os mesmos e ter a sensação de que o sistema está viciado. Ainda ontem eu conversei com um amigo da minha esposa e pensei: "Eu votaria nesse cara se ele se candidatasse. É honesto, humilde e muito competente no que faz.". A questão é que justamente esse tipo de pessoa não quer se envolver com política porque não quer se sujar. É muito triste. 
Se você leu até aqui e esse texto mexeu com você, pense nisso, procure ver se você não poderia fazer algo mais, se você não poderia ser um bom representante do povo. Acredito que assim poderemos dar um bom exemplo para as futuras gerações e então poder ouvir de seu filho ou filha, sua neta ou neto: "Eu tenho orgulho de ser brasileiro." 

sexta-feira, 27 de março de 2015

Desigualdade social e assistência jurídica.

Outro dia, em conversa com um colega, o mesmo disse "Hoje em dia a desigualdade social está cada vez pior, [...] pois se um pobre cometer um crime de nível leve, e não tiver dinheiro o suficiente,[sic] para pagar um Advogado e correr atrás de seus direitos, ele com certeza ficará um bom tempo esperando seu julgamento e ficando bastante tempo preso. Mas se contrario for um "rico" pode ter cometido o mesmo crime de nível leve, mas como tem bastante dinheiro, ele irá ficar pouco tempo preso ou como acontece na maioria das vezes nem irá preso, isso é uma vergonha na sociedade."

Essa afirmação me fez pensar a respeito. Acredito que não se trate apenas de desigualdade social. De fato aqueles que tem poder aquisitivo superior tem acesso a uma defesa jurídica mais eficiente. Contudo, é direito de todos um julgamento justo e assistência jurídica gratuita, conforme a Constituição de 1988. Sendo assim, o Estado deve prover um defensor público para qualquer cidadão que necessitar.(SILVA, 2015).

Apesar do que diz nossa Constituição, é sabido que muitos não tem uma representação jurídica adequada. As causas disso são diversa, podendo ser tema de um longo estudo, mas elas tem o problema de que há uma defasagem entre a demanda (diversos casos a serem defendidos) e a oferta de defensores públicos. O sítio ANADEP comprova com números essa afirmação, demonstrando que no Ceará há vagas para defensores no interior do estado mas faltam profissionais nomeados para tais cargos.
Tudo isso nos mostra que o problema no Brasil não é somente desigualdade social. O problema é descumprimento dos direitos dos cidadãos em virtude de um sistema deficiente. O Estado como um todo está doente, no que diz respeito à educação, saúde, segurança pública, etc.
Aqui expresso minha opinião pessoal, pois não tenho como embasar essa afirmação, mas acredito que o problema básico é corrupção e desvio de verbas públicas. Imaginemos a seguinte situação: uma família precisa pagar diversas contas, como aluguel, escola dos filhos, seguro do carro, etc. Agora imaginemos que se um dos membros da família, o marido, por exemplo, resolve ser imprudente e, em detrimento às contas da casa, destina boa parte do dinheiro para fins mais supérfluos, como cervejas, camisa oficial do time favorito, ou qualquer outra coisa que só trará benefício para si. O que vai acontecer é que a manutenção da casa vai ficar prejudicada, mensalidade da escola atrasada, bem como o aluguel, etc.
Com isso quero mostrar que, embora o Brasil seja um país rico, a corrupção e a má administração estão prejudicando nosso povo, negligenciando nossos direitos, acabando com nosso moral e crença num país melhor.


REFERENCIA:

SILVA, Vandeler F. da.  Defensor Público. InfoEscola. Disponível em: <http://www.infoescola.com/direito/defensor-publico/>. Acesso em: 27 mar. 2015.

ANADEP. Disponível em:<http://www.anadep.org.br/wtk/pagina/materia?id=8471>. Acesso em: 27 mar. 2015.

quarta-feira, 25 de março de 2015

Cidadania por um mundo melhor


Analisando a definição de Pinsky (2010, p. 9), pode-se dizer que ser cidadão é usufruir de seus direitos civis, políticos e sociais. Refletindo sobre a máxima "meu direito termina onde começa o do outro", pode-se estender a definição de cidadania, como sendo trabalhar para que todos consigam exercer sua cidadania. Afinal, se todos tem direito a exercer sua cidadania, uma pessoa não está exercendo sua cidadania plenamente se permite que o próximo seja privado de seus direitos. Isso parece paradoxal mas se analisamos com mais atenção, o direito de um acaba se chocando com o do próximo a partir do momento em que o segundo é privado pela mera omissão dos demais. Nesse sentido, o intuito é reforçar que uma cidadania plena implica no trabalho em prol da cidadania do próximo.

Refletindo sobre essas afirmações, é possível perceber que exercer a cidadania implica em participar ativamente e positivamente na sociedade, colaborando para que todos tenham acesso aos mesmos direitos. Assim sendo, a plena cidadania de cada cidadão brasileiro levaria à uma mudança no cenário social, com todos os brasileiros tendo acesso ao que é garantido pela lei e pela declaração dos direitos humanos. Para execução de tamanha mudança, seria necessário que a participação em ações voluntárias fosse cada vez maior até que partisse de cada cidadão e atingisse a todos. Isso pode e deve ser estendido ao mundo.

Atualmente, muitos dos países em que há maior quantidade de pessoas sendo privadas de seus direitos se encontra na África. O sítio worldbank.org (2015) mostra que, enquanto 14,5% da população mundial vive em situação de extrema pobreza, esse percentual cresce para 46,8% na população subsaariana. “Pobreza é um problema multidimensional que vai além da economia, e inclui, entre outras coisas, questões sociais, políticas e culturais.” (IKEJIAKU, 2009). O síto Poverties.org (2015) discorre sobre as causas da pobreza e conclui que “o caminho para sair da pobreza na África é, portanto, dificilmente imaginável sem a ajuda e a [..] cooperação da comunidade internacional, juntamente com [...] empresas privadas de outros países."

Para que haja a mudança esperada, é preciso que cada um faça sua parte. Existem diversas ações de voluntariado espalhadas pelo país e pelo mundo. Em Curitiba, existe uma ONG chamada Centro de Ação Voluntária, que visa “a estruturação na gestão de voluntários das instituições e uma atuação voluntária consistente por parte dos cidadãos.” (AÇÃO VOLUNTÁRIA, 2015). Ainda em Curitiba, existe o Programa Comunidade Escola, que incentiva as pessoas da comunidade a serem voluntários. “O voluntariado no Programa Comunidade Escola é uma das formas para o pleno exercício da cidadania.” (COMUNIDADE ESCOLA, 2015).

Ao pesquisar para esta postagem, tentei descobrir a origem daquela máxima citada anteriormente, porém não fui feliz nessa tentativa. Todavia encontrei algo que me inquietou bastante: no sítio Yahoo! Respostas (2015) , um homem postou a seguinte questão: " 'O seu direito acaba onde começa o meu!' Não é um ditadozinho irritante?" Os argumentos que as pessoas postaram em resposta a questão são interessantes no sentido de fazer refletir: Como que alguém realmente pensa desse jeito? É problema de interpretação ou postam apenas porque não tem nada mais pra fazer da vida? Enfim, não cabe aqui julgar, nem é o objetivo desse texto.

Isso remete a um artigo de Eliane Brum (2015), onde ela escreveu para o sítio El País Brasil, comentando  sobre o ocorrido com Guido Mantega em 19 de fevereiro. Nesse artigo a autora fala sobre como as pessoas se sentem confortáveis de dizerem o que querem por trás de uma tela de computador. 
O fenômeno da internet fez com que pessoas possam expressar sua opinião, qualquer que ela seja, sem se preocupar se estão ferindo os direitos de outros, como o direito de defesa. 
Ela comenta também que, muitas pessoas acabam expressando opiniões monstruosas sob falsas bandeiras de cidadania e moralismo.

Para uma pessoa que tenha a decência de pensar antes de falar (ou de escrever), esse ditado faz muito sentido, pois é auto regulador. Ouso dizer que ele se compara com um dos ensinamentos de Cristo, "amar o próximo como a si mesmo" (BIBLIA ONLINE, Marcos cap. 12. ver.31, 2015). 
Acredito que essa frase sintetiza o nosso discurso a respeito de cidadania. 
A intenção não é começar uma discussão religiosa, mas sim que se exergue, para fins didáticos, a Jesus como um grande filósofo, e não como a figura religiosa que é. 

Referência:

AÇÃO VOLUNTÁRIA. Disponível em:<http://www.acaovoluntaria.org.br/index.php?area=sobre>. Acesso em: 25 mar. 2015

BIBLIA ONLINE. Disponível em:<https://www.bibliaonline.com.br/acf/mc/12>. 
Acesso em: 27 mar. 2015.

COMUNUDADE ESCOLA. Disponível em:
<http://www.comunidadeescola.org.br/conteudo/acao-voluntaria/199>.
Acesso em: 25 mar. 2015.


ELIANE BRUM. A boçalidade do mal: Guido Mantega e a autorização para deletar a diferença. El País. 2 mar. 2015. 
Disponível em:<http://brasil.elpais.com/brasil/2015/03/02/opinion/1425304702_871738.html>.
Acesso em: 3 mar. 2015.

IKEJIAKU, Brian-Vincent. The Relationship between Poverty, Conflict and Development. Journal of Sustainable Development, Staffordshire, v. 2, n. 1, mar. 2009. Disponivel em: <http://www.ccsenet.org/journal/index.php/jsd/article/download/231/191>.
Acesso em: 25 mar. 2015

PINSKY, Jaime; PINSKY, Carla B. (org.). História da cidadania. 5. ed. São Paulo: Contexto, 2010.

POVERTIES.ORG. CAUSES OF POVERTY IN AFRICA : LOST CONTINENT OR LAND OF OPPORTUNITIES? Disponível em: <http://www.poverties.org/poverty-in-africa.html>.
Acesso em: 24 mar. 2015.

World Bank. World Development Indicators.
Disponível em: <http://data.worldbank.org/topic/poverty>. Acesso em: 22 mar. 2015.

YAHOO! RESPOSTAS. Disponível em:<https://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20090830172428AArYFwL>.
Acesso em: 22 mar. 2015.




domingo, 1 de junho de 2014

Gente sem noção existe em todo lugar

Hoje eu quebrei a patela após uma queda de bicicleta. Quando me viram no chão, que eu não conseguia me levantar, duas pessoas vieram ao meu auxílio. Um rapaz que se preocupou comigo mas tinha pressa, porém um senhor passou algum tempo comigo, contou que certa vez ele também teve uma lesão no joelho que o impediu de continuar jogando futebol profissionalmente. Sua companhia foi importante para me passar segurança e me fazer esquecer da dor.

Já no hospital, fui bem atendido e foi tudo relativamente rápido, embora exista todo um protocolo que não há como evitar. Eu sei que se dependesse de um hospital público isso seria diferente. Minha mãe trabalha em um desses hospitais, por isso sei do que estou falando. Lá, a demora seria muito maior porque a demanda é muito grande comparada com a estrutura oferecida. No hospital onde fui atendido, em contrapartida, como não é um hospital voltado para traumas, eu tive bem menos para ser atendido.

O que me deixou bastante perplexo foi assistir à uma cena que, até então era só história de quem trabalha em hospital. Um homem de meia idade brigando e maltratando recepcionistas e enfermeiros porque acha que tem direito sobre os demais de ser atendido com prioridade, embora a prioridade seja determinada por uma enfermeira dada a gravidade ou não da situação do paciente (que no caso estava impaciente). Quando comentei a cena com uma enfermeira, ela contou que já testemunhou cenas piores, como uma vez em que o paciente falava alto coisas como: "Escuta aqui mocinha! Eu ganho mais num mês do que você ganha num ano!" ou "Você sabe com quem está falando?!" É impressionante como algumas pessoas usam suas situações socioeconômicas para tentar prevalecer perante os demais. Impressionante (e decepcionante) ver como tem gente de qualquer classe social querendo levar vantagem em momentos diversos.

Isso corrobora com uma história que ouvi há poucos dias, onde havia uma certa lentidão na Av. Sete de Setembro. Para quem não sabe, aqui em Curitiba, essa avenida tem uma pista para cada sentido, além da canaleta exclusiva para ônibus. Do lado da pista de carros há uma ciclofaixa. Pois bem, o que ocorreu nesse dia de lentidão foi que uma mulher se aproveitou para usar a ciclofaixa e ultrapassar os demais carros. Percebendo, pelo retrovisor o que essa motorista estava fazendo, meu colega, que contou essa história, resolveu deixar o carro dele rente à ciclofaixa para que a motorista sem noção esperasse como os demais. Obviamente isso não foi suficiente, pois se a pessoa pode infringir uma lei de trânsito, pode infringir duas. A motorista subiu na calçada com as duas rodas da direita, de modo que pudesse continuar ultrapassando os outros carros.

Eu só não perco a esperança na humanidade porque sempre tem pessoas, como aquelas que me ajudaram, para mostrar que nem todos são como essa motorista.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

O consumismo, a televisão e a felicidade

Eu estava no ônibus, indo para o trabalho, quando comecei a prestar atenção em uma conversa entre alguns passageiros sobre consumismo. Não sou de ficar prestando atenção na conversa alheia, mas essa, em particular, além de ser interessante, parecia aberta a todos, como uma mesa redonda, onde qualquer um do ônibus poderia opinar.

O principal interlocutor, Senhor Jairo falava sobre o nosso hábito de dar presentes em aniversários e como isso afeta às crianças, no sentido de dar pouco valor ao que se já tem e incentivar o consumismo desenfreado. Em determinado momento ele disse “a televisão é a principal culpada disso...”, além de mencionar que sua filha dava uma desculpa qualquer para trocar de celular, enquanto o dele tinha dez anos e ainda estava bom. Isso me fez tirar a atenção da conversa e começar a pensar a respeito.

Não tenho a intenção de impor ideias subversivas a ninguém e nem acho que essas minhas ideias sejam subversivas. Apenas estou expondo-as aqui para convidar o leitor a refletir sobre as nossas ações, de uma maneira geral, ou seja, como o ser humano moderno está agindo e como poderia agir. Eu acredito que o capitalismo e o consumismo, em uma dose moderada, ainda são necessários, mas o que vivemos hoje é prejudicial a todos, em uma série de aspectos. Como eu havia citado anteriormente, a televisão tem uma parte importante de culpa nisso, pois recebemos tantas informações sem qualquer interação que, se não a analisarmos com cautela, fica difícil separar o que é bom do que é lixo. Isso acontece o tempo todo e mais ainda com os comerciais. As crianças sãoas maiores vítimas disso por não terem o senso crítico formado, sendo assim, coitados dos pais que precisam dizer "não" e explicar o porquê. Meu filho, por exemplo, outro dia veio todo empolgado me contar que a nova coleção brindes do Mac Donald's são carrinhos do hot wheels (ele adora). Ele já possui vários carrinhos, mas ainda assim, sente a necessidade de ter esses carrinhos novos. Tenho consciência de que a culpa é minha, pois em determinado momento eu o fiz associar felicidade com ganhar carrinhos novos. Repare que isso não acontece só com ele, mas com a maioria de nós, a associação de felicidade com o consumo de determinada coisa. Essa que é a grande chave para as vendas, para a publicidade, mas, ao mesmo tempo, é nociva a todos. É como um vício onde a satisfação está após uma nova compra. Entretanto, como essa felicidade é passageira, precisamos de mais e mais coisas. Outro exemplo sou eu mesmo: coleciono filmes. Sempre sinto a necessidade de comprar um novo, mas claro que não é qualquer um, geralmente são filmes que eu já assisti, sendo assim minhas compras são motivadas pela nostalgia, buscando relembrar as emoções que tive quando assisti àquele determinado filme anteriormente. Quando reflito sobre isso percebo que estou tentando preencher um vazio, buscando uma felicidade que é tão efêmera que é pouco perceptível o tempo que esteve presente. Por isso imagino que a famosa compulsividade das mulheres por compras também esteja relacionada a isso, necessidade de preencher um vazio, ou melhor, de sentir novamente aquela falsa sensação de felicidade que deve surgir quando se compra uma bota, um sapato ou um vestido novo.

O consumismo não é de todo ruim. É um mal necessário que faz com que a economia se movimente e muitas pessoas tenham emprego. O lado ruim disso é que também desperta a avareza e a ambição, o que nos leva a desigualdade social, com pessoas muito ricas, gastando dinheiro com coisas extremamente supérfluas e outras pessoas sem dinheiro para comprar o essencial. O ser humano, de maneira geral, não é tão evoluído moralmente para que se possa viver em uma sociedade onde tudo é de todos e que ninguém manda em ninguém, o que já foi provado historicamente. Podemos tomar como exemplos os países socialistas: num primeiro momento é bom, todas as pessoas tem acesso a tudo, alimentos, moradia, saúde, educação, etc., mas com o passar do tempo sempre existe aqueles que querem mais, e isso é normal, faz parte da nossa natureza. Estamos muito longe de sermos altruístas para vivermos em uma comunidade como abelhas (porém com o livre arbítrio). Isso é utopia, mas não quer dizer que temos que nos contentar com o que somos e deixar que o mundo se acabe de qualquer jeito sem tentarmos ser melhor do que somos.

Uma coisa que me faz pensar muito e, por vezes, me tira o sono é a questão do lixo eletrônico. Parece mero consumismo pensar que sempre precisamos de eletrônicos novos, mas eu que sou da área técnica sei que os componentes desses equipamentos não duram para sempre, vão se degradando com o tempo, como capacitores, cuja vida útil gira em torno de 5 anos, podendo aumentar ou diminuir conforme a utilização. Ora, se é assim, começa a ficar difícil a utilização de um computador com mais de 5 anos, pois é possível que comecem a aparecer erros elétricos que se propagam para as informações, tornando o equipamento inconfiável. Se o problema fosse apenas os capacitores, até daria para pensar me trocá-los, mas na verdade a degradação é generalizada. Para resolver isso, em princípio, deveriam ser pesquisadas outras tecnologias e outros materiais para que isso fosse diminuído, porém  talvez não haja interesse nisso, pois, afinal, porque o fabricante de um eletrônico X vai querer fazer seu produto durar muitos anos se é do interesse dele que os consumidores comprem novos produtos para substituir os anteriores? Não sei dizer se essa obsolência programada é proposital ou apenas consequência da tecnologia empregada nesses produtos. Há um artigo interessante no sítio economist.com que trata dessa questão da obsolência programada e cita o exemplo da fabricante de semicondutores Intel, que trabalha no desenvolvimento de uma nova geração de produtos antes mesmo de comercializar a geração anterior. Além disso também tem a questão da viabilidade econômica versus responsabilidade socioambiental, mas ainda não tenho competência para discutir tal tema.

 Existem movimentos pelo mundo que tentam ensinar uma coisa simples: menos é mais. Na verdade não aparece com essas palavras e a essência, as vezes é mais espiritual (ou ecológica) do que política ou econômica. Movimentos como slow-food ou campanhas de reciclagem, uso urbano de bicicletas ou mesmo aquele “gentileza gera gentileza” tentam ensinar que precisamos mudar uma série de hábitos para vivermos melhor. O que, de fato, tem-se que tirar disso é que felicidade não está nas coisas que adquirimos, mas em ações que tomamos, começando por dar mais valor aos momentos com a família, com amigos, e, se possível, estendendo isso para os colegas de trabalho, de escola, a comunidade onde se vive, etc. Outra fonte interessante desse sentimento é o através de realizações, como conseguir cumprir um trabalho difícil, uma meta, ou se perceber capaz de resolver problemas que pareciam impossíveis. Isso até me lembra um artigo acadêmico que li sobre estresse positivo e negativo, mas comento isso outro dia.

Referência:
ECONOMIST.COM, 2015. Disponível em: <http://www.economist.com/node/13354332>. Acesso em: 26 mar. 2015.

quinta-feira, 17 de março de 2011

O trabalho dignifica o homem

Há quem diga que isso é uma meia verdade. Claro que o ser humano, ao trabalhar, dá sentido à sua vida, porém, isso é usado pelo sistema de maneira vil. Diz-se que a Lei Áurea acabou com a escravidão, mas a verdade é que a grande maioria é escrava do sistema sem perceber.
Vivemos na era do triunfo da técnica, onde os meios são mais importantes que os fins, como o fato de que muitas vezes as pessoas compram produtos pelo status atrás da marca do que pela funcionalidade que aquele disponibiliza, se privando de comprar o produto do concorrente ainda que esse seja melhor em alguns aspectos. Acontece também de, mesmo já tendo determinado modelo de um produto, o consumidor é levado a comprar um modelo recém lançado porque o fabricante adicionou uma funcionalidade nova (que provavelmente já existia no produto concorrente) e que o fabricante faz com que o consumidor atenda, de maneira inconsciente, aos seus apelos comerciais. Sendo assim o que aconteceu aqui foi que o objetivo da compra de tal produto (um celular Iphone, por exemplo, cujo objetivo é a comunicação) acaba sendo ofuscado pela necessidade de manter o nível de status ao se obter o último modelo do mesmo. Esse status foi criado através da campanhas publicitárias onde inseriu-se essa ideia no inconsciente coletivo. Isso não é exclusividade do Iphone da Apple, pelo contrário, acontece todos os dias, como pode ser observado no slogan  de um carro da FIAT “STILO...ou você tem ou não tem...”, ou em “Ford Fusion: quem tem fez por merecer”. Isso mostra que trabalha-se para sustentar necessidades que não são reais, mas que nos parecem graças à mídia, que é mais uma engrenagem desse sistema em que as pessoas trabalham para consumir e ao consumir, veem-se obrigados a trabalhar em algo que não gostam para pagar suas dívidas.
As pessoas estão tão acostumadas com isso que alguém que escreve coisas como essas supracitadas pode ser ser taxado de louco, anarquista ou qualquer outra alcunha pejorativa. A verdade é que essas ideias há muito vêm sendo discutidas pela Escola de Frankfurt  para tentar entender a relação entre o homem e o trabalho, entre outras coisas. O leitor então é levado a pensar que tudo isso é um pessimismo digno de Nietzsche, mas a intenção é induzir a seguinte reflexão: até que ponto eu trabalho (leitor)  porque gosto?
A solução para isso é conseguir trabalhar, acrescentar algo para sociedade mas sabendo-se exatamente porque se faz isso, pois caso contrário, a pessoa torna-se escrava do sistema, assim como a escravidão contemporânea, onde o trabalhador se sujeita a trabalhar por pouco ou nenhum dinheiro, em consequência de "ameaças físicas, terror psicológico"[1] ou qualquer outro fator que o force ao julgo dos fazendeiros.

Referência
  1. http://www.reporterbrasil.org.br/conteudo.php?id=4

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

O engenheiro no mundo capitalista


Devido ao próprio processo de formação do engenheiro, o mesmo se torna fruto e vítima da atual ordem mundial, onde acaba sendo apenas mais uma engrenagem nessa grande máquina chamada capitalismo.
Dentro desse sistema, o engenheiro é alienado, pois não é dono do processo produtivo, mas, ainda assim, graças à sua educação e formação, é levado a crer que faz parte da(s) classe(s) que se beneficiam mais com o sistema, os donos do capital. Com isso, ainda que alienado, é um defensor das classes dominantes, seja em gestão de trabalhadores ou em projetos que beneficiam àquelas classes, geralmente financiadoras desses projetos.
Sem que perceba, é defensor do sistema devido a seus fetiches, como status perante a sociedade, dinheiro para obter determinado conforto e a conquista de tempo livre.
Traçando um paralelo com o passado brasileiro, no período colonial, pode-se comparar o engenheiro com o feitor, pois tem autoridade sobre a classe-que-vive-do-trabalho, no entanto não está tão distante desta.

Baseado em “As metamorfoses e a centralidade do trabalho hoje” de Ricardo Antunes e o artigo “O papel do engenheiro na sociedade” de Renato Dagnino e Henrique T. Novaes